sábado, 20 de dezembro de 2008

A fúria do cogumelo efêmero contra a orquídea imortal...‏

Entre o dia de céu estrelado... E sol da meia-noite...

Abelhinhas trabalham construindo um caminhozinho de cera pelo longo vintém...
Aquele sobe e desce intenso das rocas a planar.
Chega e sai, entra e vai... E realmente foi, para bem longe!
Nunca haveria de ter voltado, bem, como voltar se no fundo nunca foi?
O bobo logo de cá, a se enganar e o tempo a passar... Passa tempo, passa tempo!
Sentia-se em pleno pulmão, oras pois, a imaginar o de lá.
Coisa no fundo que nunca se foi...
Como outra e outro qualquer estão apenas para se cegar.
Pois quando, ao se ver, logo se sentirão...
Fácil é fazer e partir. Marcar e se afeiçoar e partir... partir... partir... Por que voltar?
Por que voltar? Oferecer-se a tudo fazer de bom grado, e sorrir. Rir...
Felicidade que há tempos não sentia!? Tamanha que era! Ao passado se voltar, e rir.
Esquecer-se das trevas que haviam tomado-a por longo tempo! Por-se a aventura.
Quando a chuva passa e tudo vai bem, como esperar o tintilhar do granizo ao solo?
Enquanto um se gela, solitário no esquecimento pútrido e amargo que seu coração o coloca.
Sorriso de merda! Vida de merda! Quando se perde as esperanças porque viver?
Nunca houve indício que ela não tenha se perdido... Seu coração o faz pensar assim.
Coração imundo, que compactuou sempre com a existência do constante.
A ausência é uma forma de desistência... sim, sim, sim...
Porque tentar construir algo num palácio em decadência? Num coração esmigalhado?
Que em verdade nunca foi refeito?
Até quando o palhaço agigantonado fará questão de esmigalhar os pedaços partidos?
Até quando a pútrida flor do limbo aceitará as imensas pisadas?
Já não teriam sido muitas? Por que então o mantém cruel como é?
Por que qualquer dor é melhor que nenhuma?
NENHUMA haveria de ser melhor!
Como compreender a essência da decadência?
Seria necessário passar o tempo assim!?
Romper... romper... romper... Acorde pútrida flor do limbo!
Agora que teu afeiçoado libertador caminha ao bem virá do mundo!
Ao que será em certo todo o norte.
Acordar... acordar... acordar... Rompa com o temor, com o certo!
Ousar uma viagem interplanetária. Ousaria alguém a enfrentar esse perigo?
Se ousastes sem vaidade, e persististes com fé,... não há de que corar.
É tão tudo tão porcamente simples...
Sinto cheiro de segredinhos! Como pode um ser ser tão idiota?
Deixe-se por fim se libertar... Será assim. Sem traumas nem dor!
Como há de rezar o mandamento divino da sagrada pós-modernidade...
Apenas mais um. Descartado como se descarta uma embalagem vazia.
"Estou gordinha"! Agora acredito! Acredito? Deveria ainda? "Não, não, isso é só formosura"... Que piada!!!
Como podem seres "racionais" se enganarem tanto assim? O que são? Macacos?
Ainda orangotangos? Ainda orangotangos... Acredite! Assim é! Se iludem felizes e contentes.
Rindo como hienas famintas e sedentas, sonhando com a próxima carniça...
Se isso não servir ao meu intento, porei-me pois a desistir.
Nada mais tomba a furada canôa que navega na quente areia do deserto...
Com I se fez com I se finda! Oui? I do que quiser, do que encaixar. Do que pensar
Penso que... Penso que... Penso que... Penso nada...
Segredinhos que matam, que envenenam aos poucos. E fazem sangrar. Erupções cutâneas.
Que em alguns momentos tontificam e alienam! Mas que rompem! Saem fortalecidos e gosmentos.
Rume para o centro da decadência da cultura formal. Ocidental? Que piada!
Lá talvez encontre outro que preencha o vazio deixado pelo que se fez primeiro.
O primeiro dos primeiros! Que não se põe a enfrentar! Que teme ao fundo em frente!
Com I se fez com I se finda! Oui? I do que quiser, do que encaixar. Do que pensar

QUe piada isso foi?
Que piada isso é?
Até onde essa piada vai?
Quando vai estourar?

Estourou?


Não há arrependimento... apenas a ilusão dele... O mundo é dor! E toda dor vem do desejo de não sentirmos dor! Quando o sol...
Volto a burocracia da existência.
E dois atores vestidos com máscaras de burros entram em cena. Risos ao fundo! Um vestido como homem, terno e gravata sóbrios, outro como mulher, portando um longo vestido rubro e sedoso (ou seria melhor azul? Ou ainda violeta?). Mais risos. Conversam e mais risos ainda... Saem de cena, muitos aplausos!
É assim, tão simples. Aplausos e mais aplausos para os burros! Enquanto corujas são depenadas e assassinadas, quando não torturadas... alimentadas com chumbo!

Podemos tentar tirar nossas máscaras? Não mais, elas já fazem parte de nosso ser, de nosso não-ser. Queria ser como antes, poder ser tão grande! E quando descobrimos que somos minúsculos, inúteis e praticamente descartáveis como se manter sendo e não sendo ao mesmo tempo!?

Segredinhos que matam! Que envenenam! Que estão presentes desde o começo!
Que são tão presentes. Sempre presentes... Liberte-se enfim para eles. Tire-os da gaiola!
Merecem um descanso! Não? Vá... caminhe, antes que seja tarde... Antes que morra de amargura. Tento me afastar deles, mas me oprimem tanto. Estou morrendo aos poucos... Sou sugado e nunca reposto. Estou acabando... Me apagando das páginas aos poucos das páginas que fui escrito. Pois o que é minha vontade? Teria alguma? Sou guiado pelo fluxo do vórtice da existência. Vontade anulada. Existência apagada.

Devo por-me a buscar o tesouro que guarda o oriente? Ainda estaria ele guardado? Ou já foi roubado? Profanado?
O belo não existe mais! Papel, papel, papel... Tela, tela, tela... Tele-ser, teleser... Tele nada. Nada tele. Teleologia mensurada!

Bem, por aquele que diz sem dizer e que no fundo, sente sem sentir... Nunca sentiu nada, como declarado pelo progenitor, poucos dias antes de teu encontro com a corda. Acorda!!!

É sempre tão mais fácil deixar as coisas como estão... E voltar para a maquinação do que realmente são. Tudo tão é tão efêmero... Empreendemos uma verdadeira jornada contra a dialética da existência.

E assim segue a fúria do cogumelo efêmero contra a orquídea imortal.
Essa eterna epopeia! Sem glórias nem lamentos. Sem risos nem lágrimas.

Quando murchará a orquídea? Seria ela mesma: imortal?

E o cogumelo é tão efêmero assim, quando acredita ser?

Quem irá sobreviver da Jangada lançado ao mar? Tão triste e arrebatadora quanto a Jangada da medusa...

Diálogos interiores

Cada dia que se passa aumenta-se a mentira
Cada dia um novo lamento...
Lágrimas saltitam de meus olhos
Salgadas lágrimas de doces momentos
O sonho chegou ao fim?
Quanto tempo mais irá perdurar
Qual é o tempo de uma mentira?
Um som titubeante levou-me a ela
E pela fragilidade dela...
Ah, a fragilidade...
O temor e fascínio pelo meu rosto barbado
O abandono nunca superado
Quando se supera um medo?
Teu estômago dói, que posso fazer?
Terei sido um bálsamo para tuas dores?
????
Questões... Questões... Questões!!!
Deixem-me em paz!
Direi um dia a verdade
Um choro infantil me persegue
Não de uma criança perdida,
mas de uma que nunca foi achada
Que nem mesmo pode ter tido a chance de existir...
A opressão, seria esta a arte?
Oprimidos que somos, o que nos resta?
Apenas palavras... Sempre... Ilusões
Isso é o que resta! Esta abstração concreta!?
O sentimento não registrado, para sempre perdido
Onde o encontro...?
Quero um dia encontrar o lugar para onde vão
Foram levados? Arrastados? Um gulag de sentimentos?
Onde estariam todos os sentimentos da humanidade
Os sorrisos, as angústias, os lamentos,
Ah... os lamentos, tenho uma queda por eles
Os arrependimentos! Nunca saberemos!
Quantas mentes, quantos credos
Quantos somos?
Pranto escondido por entre os cantos
Qual o sentido de tudo? Nenhum?
Cada mente um mundo, cada  mundo muitas mentes?
Não sei se suportarei...
Hoje, amanhã, ontem...
Qual a ordem do tempo? Desordem?
Do que tenho medo?
Porque o chôro recluso?
Meu coração me açoita... Sangro...
Apenas uma imagem, uma vaga imagem...
É apenas isso que restou
Uma lembrança que será esquecida
Um nome, dentre tantos outros...
Dos muitos que existem, apenas mais um
Sem alma, sem significado, sem sentido
Apenas o apenas do apenas final
Então... o que mais há para ser dito?
O que mais me aflige?
O ritmo do acordar, da luz da manhã
O ritmo dos objetivos abortados
Sofro a opressão de quem já se foi
Não só de alguém...
Traído... terei sido de fato? De olhos bem cerrados?
Um bucolismo que se instalou em mim
Mim... Mim... Mim...
Não sei de mais nada... não quero mais saber
Não.. não... não
Anulo-me para evitar sofrer
Anulam-me
Anularam-me
Talvez apenas assim seja suportado
Os bons e velhos dardos
Sinto meu sangue escorrendo...
Estou aos poucos morrendo
Afinal, a que vivo?
Quando tudo perde o sentido,
Sentido? O qual seria? Algum dia houve?
Talvez quando sofri... nunca na alegria
Não me lembro das alegrias
Ao contrário... lembro-me dos sofrimentos
Lembro-me como se tivessem sido ontem
Num brusco movimento o choro de uma dezena
Desejei por alguns segundos tornar-me um assassino
Um assassino de meu próprio progenitor...
O que foi feito há de haver perdão?
Teu ato me castrou... tornei-me fraco, impotente... Repugnante!
Tornei-me fraco! Que ridículo... Acorde moleque!
És pois tu, forte!
Forte, sabes o que é isso?
Talvez algum dia eu saiba... algum dia
Por hora, ainda é muito cedo para afirmar algo
Cedo? Por que seria?
Quando ocorrerá o crepúsculo dos ídolos?
Teu próprio crepúsculo?
Quando serás pois levado?
Encontrarás então com teu algoz...
O que dirás? O tens para ser dito?
Repetirás o que aqui escrevestes?
Fui traído, nada mais
Sacrifica-te apenas... nunca uma gota para ti foi derramado
E já jorrastes sangue aos outros... mereceram?
Aos outros... que piada... a outra!
Isso sim
A mulher/menina que ao me libertar me podou as asas
Meu vôo de Ícaro...
Sou livre... só posso caminhar
Onde irei apenas com as pernas!?
Quantas dúvidas
Onde estarás a dama de meu intento?
Ao contrário desta, a segunda esperou por minhas asas
Meu tesouro perde-se em meio às tuas vaidades
Vaidades imperceptíveis para um dos teus
Mas para mim... vaidades, não
Defeitos... Ranhuras n'alma...
De que se adianta falar mil línguas,
Se se vais pois mal do estômago?
Valeria a troca...?
Em casa de ferreiro, espeto de pau
Pode parecer ridículo, mas tem seu sentido
Tudo tem sentido, apenas os desconhecemos
Talvez o universo em si não, mas desde que pensamos...
Ah, acho que já esta na hora de bastar por cá
Ainda há muito a ser escrito
Quem um dia lerá isso?
Vãns palavras...