sábado, 20 de dezembro de 2008

Diálogos interiores

Cada dia que se passa aumenta-se a mentira
Cada dia um novo lamento...
Lágrimas saltitam de meus olhos
Salgadas lágrimas de doces momentos
O sonho chegou ao fim?
Quanto tempo mais irá perdurar
Qual é o tempo de uma mentira?
Um som titubeante levou-me a ela
E pela fragilidade dela...
Ah, a fragilidade...
O temor e fascínio pelo meu rosto barbado
O abandono nunca superado
Quando se supera um medo?
Teu estômago dói, que posso fazer?
Terei sido um bálsamo para tuas dores?
????
Questões... Questões... Questões!!!
Deixem-me em paz!
Direi um dia a verdade
Um choro infantil me persegue
Não de uma criança perdida,
mas de uma que nunca foi achada
Que nem mesmo pode ter tido a chance de existir...
A opressão, seria esta a arte?
Oprimidos que somos, o que nos resta?
Apenas palavras... Sempre... Ilusões
Isso é o que resta! Esta abstração concreta!?
O sentimento não registrado, para sempre perdido
Onde o encontro...?
Quero um dia encontrar o lugar para onde vão
Foram levados? Arrastados? Um gulag de sentimentos?
Onde estariam todos os sentimentos da humanidade
Os sorrisos, as angústias, os lamentos,
Ah... os lamentos, tenho uma queda por eles
Os arrependimentos! Nunca saberemos!
Quantas mentes, quantos credos
Quantos somos?
Pranto escondido por entre os cantos
Qual o sentido de tudo? Nenhum?
Cada mente um mundo, cada  mundo muitas mentes?
Não sei se suportarei...
Hoje, amanhã, ontem...
Qual a ordem do tempo? Desordem?
Do que tenho medo?
Porque o chôro recluso?
Meu coração me açoita... Sangro...
Apenas uma imagem, uma vaga imagem...
É apenas isso que restou
Uma lembrança que será esquecida
Um nome, dentre tantos outros...
Dos muitos que existem, apenas mais um
Sem alma, sem significado, sem sentido
Apenas o apenas do apenas final
Então... o que mais há para ser dito?
O que mais me aflige?
O ritmo do acordar, da luz da manhã
O ritmo dos objetivos abortados
Sofro a opressão de quem já se foi
Não só de alguém...
Traído... terei sido de fato? De olhos bem cerrados?
Um bucolismo que se instalou em mim
Mim... Mim... Mim...
Não sei de mais nada... não quero mais saber
Não.. não... não
Anulo-me para evitar sofrer
Anulam-me
Anularam-me
Talvez apenas assim seja suportado
Os bons e velhos dardos
Sinto meu sangue escorrendo...
Estou aos poucos morrendo
Afinal, a que vivo?
Quando tudo perde o sentido,
Sentido? O qual seria? Algum dia houve?
Talvez quando sofri... nunca na alegria
Não me lembro das alegrias
Ao contrário... lembro-me dos sofrimentos
Lembro-me como se tivessem sido ontem
Num brusco movimento o choro de uma dezena
Desejei por alguns segundos tornar-me um assassino
Um assassino de meu próprio progenitor...
O que foi feito há de haver perdão?
Teu ato me castrou... tornei-me fraco, impotente... Repugnante!
Tornei-me fraco! Que ridículo... Acorde moleque!
És pois tu, forte!
Forte, sabes o que é isso?
Talvez algum dia eu saiba... algum dia
Por hora, ainda é muito cedo para afirmar algo
Cedo? Por que seria?
Quando ocorrerá o crepúsculo dos ídolos?
Teu próprio crepúsculo?
Quando serás pois levado?
Encontrarás então com teu algoz...
O que dirás? O tens para ser dito?
Repetirás o que aqui escrevestes?
Fui traído, nada mais
Sacrifica-te apenas... nunca uma gota para ti foi derramado
E já jorrastes sangue aos outros... mereceram?
Aos outros... que piada... a outra!
Isso sim
A mulher/menina que ao me libertar me podou as asas
Meu vôo de Ícaro...
Sou livre... só posso caminhar
Onde irei apenas com as pernas!?
Quantas dúvidas
Onde estarás a dama de meu intento?
Ao contrário desta, a segunda esperou por minhas asas
Meu tesouro perde-se em meio às tuas vaidades
Vaidades imperceptíveis para um dos teus
Mas para mim... vaidades, não
Defeitos... Ranhuras n'alma...
De que se adianta falar mil línguas,
Se se vais pois mal do estômago?
Valeria a troca...?
Em casa de ferreiro, espeto de pau
Pode parecer ridículo, mas tem seu sentido
Tudo tem sentido, apenas os desconhecemos
Talvez o universo em si não, mas desde que pensamos...
Ah, acho que já esta na hora de bastar por cá
Ainda há muito a ser escrito
Quem um dia lerá isso?
Vãns palavras...

Nenhum comentário: