sábado, 20 de dezembro de 2008

A fúria do cogumelo efêmero contra a orquídea imortal...‏

Entre o dia de céu estrelado... E sol da meia-noite...

Abelhinhas trabalham construindo um caminhozinho de cera pelo longo vintém...
Aquele sobe e desce intenso das rocas a planar.
Chega e sai, entra e vai... E realmente foi, para bem longe!
Nunca haveria de ter voltado, bem, como voltar se no fundo nunca foi?
O bobo logo de cá, a se enganar e o tempo a passar... Passa tempo, passa tempo!
Sentia-se em pleno pulmão, oras pois, a imaginar o de lá.
Coisa no fundo que nunca se foi...
Como outra e outro qualquer estão apenas para se cegar.
Pois quando, ao se ver, logo se sentirão...
Fácil é fazer e partir. Marcar e se afeiçoar e partir... partir... partir... Por que voltar?
Por que voltar? Oferecer-se a tudo fazer de bom grado, e sorrir. Rir...
Felicidade que há tempos não sentia!? Tamanha que era! Ao passado se voltar, e rir.
Esquecer-se das trevas que haviam tomado-a por longo tempo! Por-se a aventura.
Quando a chuva passa e tudo vai bem, como esperar o tintilhar do granizo ao solo?
Enquanto um se gela, solitário no esquecimento pútrido e amargo que seu coração o coloca.
Sorriso de merda! Vida de merda! Quando se perde as esperanças porque viver?
Nunca houve indício que ela não tenha se perdido... Seu coração o faz pensar assim.
Coração imundo, que compactuou sempre com a existência do constante.
A ausência é uma forma de desistência... sim, sim, sim...
Porque tentar construir algo num palácio em decadência? Num coração esmigalhado?
Que em verdade nunca foi refeito?
Até quando o palhaço agigantonado fará questão de esmigalhar os pedaços partidos?
Até quando a pútrida flor do limbo aceitará as imensas pisadas?
Já não teriam sido muitas? Por que então o mantém cruel como é?
Por que qualquer dor é melhor que nenhuma?
NENHUMA haveria de ser melhor!
Como compreender a essência da decadência?
Seria necessário passar o tempo assim!?
Romper... romper... romper... Acorde pútrida flor do limbo!
Agora que teu afeiçoado libertador caminha ao bem virá do mundo!
Ao que será em certo todo o norte.
Acordar... acordar... acordar... Rompa com o temor, com o certo!
Ousar uma viagem interplanetária. Ousaria alguém a enfrentar esse perigo?
Se ousastes sem vaidade, e persististes com fé,... não há de que corar.
É tão tudo tão porcamente simples...
Sinto cheiro de segredinhos! Como pode um ser ser tão idiota?
Deixe-se por fim se libertar... Será assim. Sem traumas nem dor!
Como há de rezar o mandamento divino da sagrada pós-modernidade...
Apenas mais um. Descartado como se descarta uma embalagem vazia.
"Estou gordinha"! Agora acredito! Acredito? Deveria ainda? "Não, não, isso é só formosura"... Que piada!!!
Como podem seres "racionais" se enganarem tanto assim? O que são? Macacos?
Ainda orangotangos? Ainda orangotangos... Acredite! Assim é! Se iludem felizes e contentes.
Rindo como hienas famintas e sedentas, sonhando com a próxima carniça...
Se isso não servir ao meu intento, porei-me pois a desistir.
Nada mais tomba a furada canôa que navega na quente areia do deserto...
Com I se fez com I se finda! Oui? I do que quiser, do que encaixar. Do que pensar
Penso que... Penso que... Penso que... Penso nada...
Segredinhos que matam, que envenenam aos poucos. E fazem sangrar. Erupções cutâneas.
Que em alguns momentos tontificam e alienam! Mas que rompem! Saem fortalecidos e gosmentos.
Rume para o centro da decadência da cultura formal. Ocidental? Que piada!
Lá talvez encontre outro que preencha o vazio deixado pelo que se fez primeiro.
O primeiro dos primeiros! Que não se põe a enfrentar! Que teme ao fundo em frente!
Com I se fez com I se finda! Oui? I do que quiser, do que encaixar. Do que pensar

QUe piada isso foi?
Que piada isso é?
Até onde essa piada vai?
Quando vai estourar?

Estourou?


Não há arrependimento... apenas a ilusão dele... O mundo é dor! E toda dor vem do desejo de não sentirmos dor! Quando o sol...
Volto a burocracia da existência.
E dois atores vestidos com máscaras de burros entram em cena. Risos ao fundo! Um vestido como homem, terno e gravata sóbrios, outro como mulher, portando um longo vestido rubro e sedoso (ou seria melhor azul? Ou ainda violeta?). Mais risos. Conversam e mais risos ainda... Saem de cena, muitos aplausos!
É assim, tão simples. Aplausos e mais aplausos para os burros! Enquanto corujas são depenadas e assassinadas, quando não torturadas... alimentadas com chumbo!

Podemos tentar tirar nossas máscaras? Não mais, elas já fazem parte de nosso ser, de nosso não-ser. Queria ser como antes, poder ser tão grande! E quando descobrimos que somos minúsculos, inúteis e praticamente descartáveis como se manter sendo e não sendo ao mesmo tempo!?

Segredinhos que matam! Que envenenam! Que estão presentes desde o começo!
Que são tão presentes. Sempre presentes... Liberte-se enfim para eles. Tire-os da gaiola!
Merecem um descanso! Não? Vá... caminhe, antes que seja tarde... Antes que morra de amargura. Tento me afastar deles, mas me oprimem tanto. Estou morrendo aos poucos... Sou sugado e nunca reposto. Estou acabando... Me apagando das páginas aos poucos das páginas que fui escrito. Pois o que é minha vontade? Teria alguma? Sou guiado pelo fluxo do vórtice da existência. Vontade anulada. Existência apagada.

Devo por-me a buscar o tesouro que guarda o oriente? Ainda estaria ele guardado? Ou já foi roubado? Profanado?
O belo não existe mais! Papel, papel, papel... Tela, tela, tela... Tele-ser, teleser... Tele nada. Nada tele. Teleologia mensurada!

Bem, por aquele que diz sem dizer e que no fundo, sente sem sentir... Nunca sentiu nada, como declarado pelo progenitor, poucos dias antes de teu encontro com a corda. Acorda!!!

É sempre tão mais fácil deixar as coisas como estão... E voltar para a maquinação do que realmente são. Tudo tão é tão efêmero... Empreendemos uma verdadeira jornada contra a dialética da existência.

E assim segue a fúria do cogumelo efêmero contra a orquídea imortal.
Essa eterna epopeia! Sem glórias nem lamentos. Sem risos nem lágrimas.

Quando murchará a orquídea? Seria ela mesma: imortal?

E o cogumelo é tão efêmero assim, quando acredita ser?

Quem irá sobreviver da Jangada lançado ao mar? Tão triste e arrebatadora quanto a Jangada da medusa...

Diálogos interiores

Cada dia que se passa aumenta-se a mentira
Cada dia um novo lamento...
Lágrimas saltitam de meus olhos
Salgadas lágrimas de doces momentos
O sonho chegou ao fim?
Quanto tempo mais irá perdurar
Qual é o tempo de uma mentira?
Um som titubeante levou-me a ela
E pela fragilidade dela...
Ah, a fragilidade...
O temor e fascínio pelo meu rosto barbado
O abandono nunca superado
Quando se supera um medo?
Teu estômago dói, que posso fazer?
Terei sido um bálsamo para tuas dores?
????
Questões... Questões... Questões!!!
Deixem-me em paz!
Direi um dia a verdade
Um choro infantil me persegue
Não de uma criança perdida,
mas de uma que nunca foi achada
Que nem mesmo pode ter tido a chance de existir...
A opressão, seria esta a arte?
Oprimidos que somos, o que nos resta?
Apenas palavras... Sempre... Ilusões
Isso é o que resta! Esta abstração concreta!?
O sentimento não registrado, para sempre perdido
Onde o encontro...?
Quero um dia encontrar o lugar para onde vão
Foram levados? Arrastados? Um gulag de sentimentos?
Onde estariam todos os sentimentos da humanidade
Os sorrisos, as angústias, os lamentos,
Ah... os lamentos, tenho uma queda por eles
Os arrependimentos! Nunca saberemos!
Quantas mentes, quantos credos
Quantos somos?
Pranto escondido por entre os cantos
Qual o sentido de tudo? Nenhum?
Cada mente um mundo, cada  mundo muitas mentes?
Não sei se suportarei...
Hoje, amanhã, ontem...
Qual a ordem do tempo? Desordem?
Do que tenho medo?
Porque o chôro recluso?
Meu coração me açoita... Sangro...
Apenas uma imagem, uma vaga imagem...
É apenas isso que restou
Uma lembrança que será esquecida
Um nome, dentre tantos outros...
Dos muitos que existem, apenas mais um
Sem alma, sem significado, sem sentido
Apenas o apenas do apenas final
Então... o que mais há para ser dito?
O que mais me aflige?
O ritmo do acordar, da luz da manhã
O ritmo dos objetivos abortados
Sofro a opressão de quem já se foi
Não só de alguém...
Traído... terei sido de fato? De olhos bem cerrados?
Um bucolismo que se instalou em mim
Mim... Mim... Mim...
Não sei de mais nada... não quero mais saber
Não.. não... não
Anulo-me para evitar sofrer
Anulam-me
Anularam-me
Talvez apenas assim seja suportado
Os bons e velhos dardos
Sinto meu sangue escorrendo...
Estou aos poucos morrendo
Afinal, a que vivo?
Quando tudo perde o sentido,
Sentido? O qual seria? Algum dia houve?
Talvez quando sofri... nunca na alegria
Não me lembro das alegrias
Ao contrário... lembro-me dos sofrimentos
Lembro-me como se tivessem sido ontem
Num brusco movimento o choro de uma dezena
Desejei por alguns segundos tornar-me um assassino
Um assassino de meu próprio progenitor...
O que foi feito há de haver perdão?
Teu ato me castrou... tornei-me fraco, impotente... Repugnante!
Tornei-me fraco! Que ridículo... Acorde moleque!
És pois tu, forte!
Forte, sabes o que é isso?
Talvez algum dia eu saiba... algum dia
Por hora, ainda é muito cedo para afirmar algo
Cedo? Por que seria?
Quando ocorrerá o crepúsculo dos ídolos?
Teu próprio crepúsculo?
Quando serás pois levado?
Encontrarás então com teu algoz...
O que dirás? O tens para ser dito?
Repetirás o que aqui escrevestes?
Fui traído, nada mais
Sacrifica-te apenas... nunca uma gota para ti foi derramado
E já jorrastes sangue aos outros... mereceram?
Aos outros... que piada... a outra!
Isso sim
A mulher/menina que ao me libertar me podou as asas
Meu vôo de Ícaro...
Sou livre... só posso caminhar
Onde irei apenas com as pernas!?
Quantas dúvidas
Onde estarás a dama de meu intento?
Ao contrário desta, a segunda esperou por minhas asas
Meu tesouro perde-se em meio às tuas vaidades
Vaidades imperceptíveis para um dos teus
Mas para mim... vaidades, não
Defeitos... Ranhuras n'alma...
De que se adianta falar mil línguas,
Se se vais pois mal do estômago?
Valeria a troca...?
Em casa de ferreiro, espeto de pau
Pode parecer ridículo, mas tem seu sentido
Tudo tem sentido, apenas os desconhecemos
Talvez o universo em si não, mas desde que pensamos...
Ah, acho que já esta na hora de bastar por cá
Ainda há muito a ser escrito
Quem um dia lerá isso?
Vãns palavras...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Estação Cult Adverte:

Estação Cult Adverte:
Assistir TV demais, principalmente aos domingos, pode causar "alienação" profunda. Ao persistirem os sintomas um Shaman deverá ser consultado.

Rsrsrs... Boa!

www.estaçãocult.blogspot.com

Acessem!!! Vale a pena

"(DES)Verdades sobre a USP"!?

Consultem... Pelo menos para se ter uma noção geral da USP, vista pelos de dentro...

http://desciclo.pedia.ws/wiki/USP

Essa é mais uma boa!!!

Reflexões RomanticaS

O Despertar de quem Ama Dormir com quem se ama é uma benção, melhor ainda é despertar ao lado desta pessoa. Imaginem a cena: acordo de manhã mais cedo e observo o rosto desprotegido e indefeso da pessoa amada, observo seu corpo desarrumado sobre o lençol. Me transformo em voyeur e vou vasculhar o rosto de quem tanto amo. A primeira pergunta é por que sou tão privilegiado de estar ali ao lado, deitado junto ao cheiro e ao corpo de quem amo sentir seu calor e sua pele de manhã bem cedo, antes mesmo que a luz do dia penetre em nossa cama. Sou um navegador embriagado em busca de sua geografia, do relevo e das saliências perfeitas de seu corpo, das fronteiras e marcas que separam cada detalhe do seu rosto. Todo amante em sono profundo é uma criança indefesa e um sentimento de plenitude e poder maternal nos invade. O que eu ainda posso descobrir? Já conheço tudo, mas me ponho a desvendar como desbravador solitário todas minúcias do seu ser. Quero desvendar seus mistérios...sim seus pequenos defeitos e segredos. Como queria penetrar nos seus sonhos, saber por onde anda e que fantasmas o assombra. Me descubro mais apaixonado e amando cada mínima imperfeição percebida: sua pálpebras cerradas, sua sobrancelha despenteada e falha, seus lábios ressequidos, o cabelo despenteado. Há uma cicatriz pequena, uma marca antiga de uma catapora, o nariz meio grande demais, uma falha entre os dentes. Amo tudo isso e percebo como tudo é simétrico: os braços amassados embaixo do corpo desajeitado, os pequenos movimentos involuntários, as mãos espremidas embaixo do travesseiro, aquele ronco leve... Como o meu amor só permite que eu encontre beleza e perfeição em tudo que vejo? Todas as pequenas falhas prontamente são encobertas e corrigidas e o coração acelera a cada movimento de seu corpo. Não quero que acorde, sim, por favor, permaneça aí sobre meu domínio - penso. Julgo que a pessoa amada me pertence, ali a observo, e ela está cativa e sob meu domínio agora e para sempre. A felicidade me invade, sinto vontade de acariciá-la mais forte, sentir mais seu calor e beijá-la, mas não posso, resisto. Enquanto seu sonho durar meu sonho se eterniza. Ali estou eu, feito criança enquanto a mãe lhe prepara o doce preferido, ali estou eu feito basbaque a amar em silêncio a perfeição que protejo.

Créditos: http://www.estacaocult.blogspot.com/

Muito bom!!!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Jogo McDonalds

Bom jogo... vale a pena testar!!!

Muita filhadaputice o que estes capitalistas mcdonaldos fazem!!!

http://www.mcvideogame.com/game-por.html

Mais uma boa lembrança musical

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores (Geraldo Vandré)

Caminhando e Cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e Cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordoes
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quarteis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a historia na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Mais Boas músicas

Domingo no Parque (Gilberto Gil)

O rei da brincadeira - ê, José
O rei da confusão - ê, João
Um trabalhava na feira - ê, José
Outro na construção - ê, João
A semana passada, no fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde saiu apressado
E não foi pra Ribeira jogar
Capoeira
Não foi pra lá pra Ribeira
Foi namorar
O José como sempre no fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio
Foi no parque que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana, seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João
O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, dançando no peito - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
O sorvete e a rosa - ô, José
A rosa e o sorvete - ô, José
Oi, girando na mente - ô, José
Do José brincalhão - ô, José
Juliana girando - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
Oi, na roda gigante - oi, girando
O amigo João - João
O sorvete é morango - é vermelho
Oi, girando, e a rosa - é vermelha
Oi, girando, girando - é vermelha
Oi, girando, girando - olha a faca!
Olha o sangue na mão - ê, José
Juliana no chão - ê, José
Outro corpo caído - ê, José
Seu amigo, João - ê, José
Amanhã não tem feira - ê, José
Não tem mais construção - ê, João
Não tem mais brincadeira - ê, José
Não tem mais confusão - ê, João

Cultura da globalização

Fórmulas de sucesso afinam-se com modelos de comportamento da nova fase do capitalismo, segundo pesquisa de doutorado


Uma tese defendida pela socióloga Carla Martelli, do campus de Araraquara, associa o sucesso da cultura de auto-ajuda aos novos padrões de comportamento profissional e pessoal impostos pela economia globalizada. Com a promessa de sucesso no trabalho e nos negócios e felicidade na vida, os responsáveis por esse fenômeno fazem fortuna com a venda de livros, vídeos, palestras e consultorias. Apenas no campo editorial, de 1994 a 2002, o segmento voltado para o tema cresceu 700% no País, enquanto o conjunto do mercado se expandiu 35%. Segundo Carla, o traço comum dos produtos dessa área são receitas de auto-realização e técnicas de motivação, liderança e comunicação.
Ao dissolver estruturas econômicas e políticas tradicionais, a globalização tirou de seu eixo a ordem vigente em quase todas as esferas da vida, o que provocou crises de valores e insegurança no trabalho. “Por isso, a auto-ajuda se tornou uma alternativa acessível para um grande número de pessoas que buscam soluções imediatas na esperança de obter paz e felicidade”, afirma ela, que acompanhou palestras, entrevistou administradores e responsáveis pela área de recursos humanos e analisou publicações sobre o tema.
Segundo Carla, a pressão para produzir “mais, melhor e em menos tempo” exigiu a aplicação de teorias organizacionais que enfatizam a iniciativa pessoal do trabalhador. Além da competência técnica, o profissional precisa ter características como bom relacionamento em grupo, empenho e equilíbrio emocional. “Pede-se aos trabalhadores que saibam lidar com situações inusitadas com ousadia e
criatividade; que sejam empreendedores, ambiciosos, sensatos e otimistas; que cultivem espírito vencedor e assumam riscos, sendo ágeis e abertos a mudanças”, ressalta.

“A culpa é sua”
Em sintonia com o novo modelo de organização do trabalho, o discurso da auto-ajuda coloca no plano individual a responsabilidade por fracassos e sucessos: “Se a vida não anda bem, a culpa é do indivíduo; somente ele deve se aprimorar para transformar os insucessos, as doenças e as decepções em lições de vida e enfrentá-los com otimismo”, assinala a socióloga.
Essa ênfase, de acordo com Carla, reforçada pela dinâmica dos meios de comunicação, modifica a percepção de tempo, espaço e relações pessoais. “Vivemos a época do ‘aqui e agora’, em que o passado não mais ensina, porque o novo tem que ser incorporado cada vez mais rápido e o futuro é incerto”, explica. “Daí, a insegurança de uma sociedade onde não só os produtos se tornaram demasiadamente descartáveis, mas também as pessoas”, argumenta.
Segundo a socióloga, diante de um mercado com mudanças constantes e incontroláveis, um clima de “salve-se quem puder” tem-se instalado entre colegas de trabalho, o que enfraquece os laços de lealdade e a própria visão de mundo. “É nesse contexto que os ensinamentos da auto-ajuda proporcionam uma certa sensação de amparo, aliviando a angústia e o sofrimento, ainda que momentaneamente”, observa.

A palavra dos gurus
No seu trabalho, defendido na Faculdade de Ciências e Letras (FCL), Carla analisou 30 títulos de auto-ajuda. Ela acentua a constância de histórias de sucesso, biografias de celebridades e modelos ideais de vida, quase sempre em textos recheados de frases de efeito.
A socióloga ressalta a repetição do enfoque desses discursos nas soluções pessoais. Um dos exemplos é a obra O sucesso não ocorre por acaso, de Lair Ribeiro, generosa nos estímulos às tomadas de decisão individuais: “...o caso não é mudar o Brasil, nem a sociedade. Você que tem que mudar”, assinala um trecho do livro. John Adair, em Como tornar-se um líder, demonstra a mesma convicção: “Para que você se desenvolva enquanto líder, seja proativo”.
A pesquisadora compara os gurus da auto-ajuda a “curandeiros”, por utilizarem a fé como arma e remédio, além de apelarem freqüentemente para o tom profético e o uso do imperativo. “Eles abusam da idéia de que há algo de misterioso nos seus ensinamentos e que é preciso crer que os problemas possam ser solucionados se tais orientações forem seguidas”, afirma.
Carla cita um trecho de Oráculo da sabedoria do amor, de Vadim Samello: “O universo, a relação entre as pessoas, o amor, o corpo humano estão relacionados à energia invisível, a qual, misteriosa por natureza, deve ser aproveitada de forma sempre produtiva”, propõe o autor.
A socióloga ressalta que temas como emoção, espiritualidade e intuição vêm sendo incorporados na organização das empresas e influenciam a produção de manuais de RH, jornais e terapias de grupo. “Não lute! Não tente explicar! Simplesmente ouça a sua intuição”, diz o Manual de gestão de pessoas e equipes, de uma empresa pesquisada.
Muitos ensinamentos também se fundamentam na visão dos seres humanos como totalidades sem contradições: “O homem é um organismo único, global e deveria sempre ser visto como um todo. Somos um conjunto formado pelos corpos físico, mental, emocional e espiritual” (Nuno Cobra, Semente da vitória).
O apelo a possíveis leis da natureza é outra constante, como mostra um trecho do livro A Sabedoria dos Lobos, de Twyman Towery: “Porque todas as coisas respiram o mesmo ar – os animais, as árvores e os homens – todos têm que repartir o mesmo ar... todas as coisas estão interligadas”.

Para todos os gostos
Existe, da mesma forma, uma ênfase freqüente na necessidade de preparo e esforço para acompanhar as rápidas mudanças em curso. Em seus conselhos, Roberto Shinyashiki utiliza a metáfora da corrida: “Devemos correr muito, mas sem desespero e com bastante competência” (Revolução dos campeões).
Os autores costumam advertir que, para ser bem-sucedido, o candidato ao Olimpo social encara inúmeras contrariedades. “Hoje, acredito firmemente que o sofrimento acelera o crescimento das pessoas e as torna mais preparadas para o sucesso”, sugere o empresário Abílio Diniz (Caminhos e escolhas: o equilíbrio para uma vida feliz).
Embora não sejam freqüentes, há também críticas à realidade atual, como a de Wanderley Rodrigues Filho, em Qualidade de Vida: “...os métodos de cobrança e promoção através da avaliação de desempenho têm levado as pessoas atualmente a tentar superar continuamente os próprios limites, sacrificando horas de esporte e lazer, prejudicando a própria saúde e bem-estar”.
Carla chama a atenção para o significado das contradições presentes nos textos. Ao mesmo tempo, eles sugerem que o indivíduo volte às “origens”, às tradições, sem deixar de viver o dia de hoje; que ele seja competitivo, mas saiba trabalhar em equipe; que se contente com sua vida, mas não se acomode. “São discursos que procuram acalmar todo tipo de ansiedade e, por isso, são acolhidos por multidões”, conclui.

Fonte: http://www.unesp.br/aci/jornal/202/ajuda.php

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Para lembrar um pouco os bons tempos da música brasileira:

Roda viva (Chico Buarque)

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração