domingo, 4 de setembro de 2011

Acertando os ponteiros

"Sou um solitário por natureza. Nunca cultivei a crença escatológica, e por isso mesma, redentora do amor romântico moderno/burguês. Não consigo sofrer emocionalmente por amor, sofro-o de modo racional, digamos, pelos regalitos perdidos.
Quando analiso o passado recente, vejo que deixei-me levar por uma lunática ególatra e consumista, que cultiva expectativas de salvação pela via que apontei, sendo ela apenas uma sombra da personalidade forte e dominadora de sua progenitora. Sofreu o abandono patriarcal e enxerga os homens sempre com desconfiança. Parece haver nela um delay entre seu intelecto e sua emoção. Claro que não podemos separar estas duas instâncias, que em verdade, constituem-se numa só. Creio por estas e outras razões vasculha o passado, os amores de então, e lança-lhes investidas, na incapacidade da crença no "amor" derradeiro.
Ah, o amor, este comodismo sócio-econômico-psicológico humano, domesticador das pulsões. Estamos tão vazios, e jogados no limbo da existência que qualquer respiro levemente disrítmico, ofegante, parece lançar-nos no umbral idílico do paraíso perdido. Não há estância mais cristã que esta. O cristianismo é fascista, controlador-inibidor de nossa liberdade. Liberdade, outra ilusào humana.
A humanidade vive assentada sobre determinados conceitos-chave, duramente acomodados, isostáticos. É engraçado ver como algumas pessoas podem levar tão à sério a existência. Háverá caminho na crença de uma verdade (uma era da pós-verdade)?. Bem, o que estamos vislumbrando é a emergência de micro fascismos (microfísica do poder). Igrejas e mais igrejas evangélicas (pentecostais), em um número infinito. É assustador presenciar este processo estando de mãos atadas. Introjetaram o pecado como esphera máxima de julgamento. O cristianismo e seu deus onipresente, onisciente, omnipotente, é um modelo para os projetos políticos pautados no fascismo. Não vejo contradiçào nenhuma do apoio papal a Mussolini ou a Hitler. Era o mais esperado em verdade. Oras, se vamos caminhar ao abismo final, para quê guardar esperanças sobre as mais variadas temáticas, são construções sociais. A intelligentsia é expert na criação escatológica, é sua função básica, mesmo que cinicamente, através do viés ceticista. Muitos irão pensar que pretendo tornar-me um recluso pela desilusão amorosa, digo, que "amor" apenas retardou o processo. Quando li Dissipatio H.G., de Guido Morselli, visualizei-me no protagosnista. Mas enfim, o passado sabe o quanto relutei em amar. E o MASP também. Sentia um desconforto com a noção de amor romântico monogâmico, cerceador de nossas mais complexas liberdades".


"Não há fogo como a paixão, garra como o ódio, armadilha como a ilusão e o rio como desejo". Buddha


"Há duas catástrofes na existência: quando nossos desejos não são satisfeitos e quando eles o são." - George Bernard Shaw resume, em uma frase, a visão de Pascal Bruckner sobre o amor contemporâneo: erigimos o amor e a felicidade como valores absolutos e nos desesperamos de não vivê-los absolutamente.

http://www.fronteiras.com/artigos/a-utopia-do-amor-contemporaneo
Os quatro amores que C. S. Lewis distingue neste livro são a *Afeição*, a *Amizade*, *Eros* e a *Caridade*. Examina como cada um se combina aos demais, sem perder de vista a diferença necessária e real entre eles. Lewis nos adverte também dos enganos e distorções que podem tornar os três primeiros amores - os amores naturais - perigosos sem a graça suavizante da Caridade (entrega destituída de interesse), do amor transcendente (divino) que deve constituir a somatória e o objetivo de todos os demais.
x




Os quatro amores - C. S. Lewis

Nenhum comentário: